O Estado de São Paulo
Estadão
10 de outubro de 2020
A pandemia do novo coronavírus fez com que os pais e adultos responsáveis exercitassem a criatividade com os pequeninos para entretê-los durante a quarentena. E no Dia das Crianças 2020 não será diferente.
A designer e fotógrafa Estéfi Machado é mãe de Teo, de 13 anos, e compartilha ideias de brincadeiras entre adultos e crianças em um blog. “O brincar é a ‘língua’ da criança. É na brincadeira que ela processa e assimila o que sente, seja na família, na escolinha, na creche ou em um passeio. Para você se aproximar do seu filho, precisa falar a língua dele. É muito importante, pois fortalece o vínculo, cria o espaço da intimidade, de escutar e ser escutado”, afirma.
E a ideia de que as crianças podem produzir suas próprias brincadeiras é defendida em O Livro da Estéfi, em que a fotógrafa reúne propostas de atividades voltadas com esse fim. “Quando o brinquedo é pronto, ele diz pra criança o que ela deve fazer. Isso tem seu valor, mas é uma relação passiva. Quando a criança fabrica a brincadeira, ela se apropria de uma vontade genuína e vai buscar, dentro de si, o que quer fazer, o que quer expressar. Ao mesmo tempo, se considera realizadora, capaz, além de desenvolver autoestima e orgulho”, analisa a blogueira.
Carolina Ferraz é consultora master no método Marie Kondo e, ao ajudar os clientes a organizar seus ambientes, teve a ideia de criar uma caixa lúdica para ajudar crianças a entender e controlar suas emoções e sensações durante um colapso ou período de ansiedade. “Eu passo muitos dias na casa dos meus clientes. Os conceitos e ferramentas de Psicologia e da minha formação em Psicanálise já são intrínsecos aos meus projetos e uma dificuldade muito comum que presenciava ao acompanhar a rotina de pais de filhos pequenos é o momento em que a criança começa a ter um sentimento intenso, não consegue controlá-lo e os adultos ficam tentando acalmá-la por muito tempo em vão, usando sempre argumentos racionais”.
A Calm Down Box, como foi intitulada, pode ser feita com o auxílio da criançada, como explica a especialista: “O recurso coloca a criança em contato direto com seus sentidos e começou a ser aplicado na psicologia em crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Agora é indicada para todas elas. A caixinha pode ser usada tanto para aqueles episódios em que a criança não consegue parar de chorar, gritar, brigar e para momentos de agitação extremos, como quando volta de um passeio com a escola”.
Como fazer uma ‘Calm Down Box’ (a partir de 2 anos de idade)
O ideal é que o adulto conduza a atividade com a criança carinhosamente para um canto do cômodo ou para um lugar mais tranquilo da casa, sente-se alguns minutos com ela até que consiga concentrar-se nas atividades. “Nessa caixinha existe uma pelúcia que colocamos cheirinho para estimular olfato e aproveitar o toque macio que remete ao aconchego, globos com glitter que obrigam os olhos a acompanharem com calma a movimentação das partículas coloridas, um cubo mágico para estimular a coordenação e movimento das mãos, um pendrive com músicas da natureza, uma máscara de olhos (daquelas de avião) para a criança aguçar os outros sentidos por alguns segundos e a lousa mágica para ajudar a dar vazão aos sentimentos usando outro recurso de expressão, além da fala”, explica Carolina Ferraz.
Você pode usar uma caixinha de papelão, de presente ou até uma cesta. Se puder, envolva o pequenino na escolha e na confecção. Procure usar caixas mais fundas para dar um ar de "elemento surpresa e caça ao tesouro".
Depois é hora de escolher os objetos pensando nos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. “Eu geralmente deixo o paladar de fora da caixa e incentivo os pais a trabalharem ele com água, por exemplo. O cheiro consegue exercitar esse sentido sem promover a associação de vulnerabilidade emocional à fome, mas vai de cada um. Além disso, procuro sempre incluir uma forma de expressão desse sentimento além da fala: como um CD com música para dançar, um fantoche ou algo para desenhar. Existem muitas formas de dar vazão aos sentimentos e é interessante apresentá-las”, afirma a consultora.
Confira algumas dicas para incrementar a caixa lúdica:
- Pense em objetos que remetam à conforto, acolhimento, tranquilidade, como pelúcias, tecidos e fotos com elementos da natureza. Brinquedos que não tenham múltiplas funções e que exercitem a coordenação como blocos de montar, massinha e livros sensoriais também são interessantes.
- Outra opção é colocar objetos que possam ser apertados, que emitam som ao serem chacoalhados. Para estimular a respiração controlada, produtos como um apito, bolinhas de sabão, até um saco pequeno de papel podem ser acrescentados.
- Você pode produzir cards com orientações ilustradas também como “encoste a mão nos seus pés, respire e solte”.
- Objetos com cheiros: muitos tem odor de chiclete, mas você pode rechear algum tecido com chá e até usar um cosmético de criança com cheirinho.
- Outra dica é usar objetos que não necessariamente são do universo infantil. Por exemplo, forminhas de muffin são ótimas como brinquedo de encaixar, coloridas e tem um quê de descoberta.
“A criatividade também é aliada: já usei uma bola de pilates que estava parada na casa para fazer a criança trabalhar a sensação de equilíbrio e depois ela me mandou mensagem dizendo que adorou!”, relata a especialista em organização Carolina Ferraz.
Como fazer massinha de modelar caseira?
A pedido da reportagem do Estadão, a blogueira Estéfi Machado nos ensina a fazer massinha de modelar caseira. “A única recomendação é que, claro, tem vencimento! Fique de olho quando começar a juntar fungo ou jogue fora antes disso. A massinha deve durar umas duas ou três semanas, se guardada nos potinhos fechados”, ensina.
Ingredientes:
- 1 e 1/2 xícara de chá de farinha de trigo (Atenção: contém glúten)
- 1/3 de xícara de chá de sal
- 2 colheres de chá de cremor de tártaro
- 1 e 1/2 colher de sopa de óleo
- 1 e 1/2 xícara de chá de água
- Corante alimentício
Modo de preparo:
1. Misture os ingredientes secos na panela.
2. Coloque a água e o corante alimentício.
3. Mexa bem por alguns minutos em fogo de baixo a médio.
4. Você vai sentir empelotar, mas depois fica homogêneo.
Outra brincadeira bem simples e que você pode fazer com seu filho em casa no Dia das Crianças é contar objetos. Pode ser por cor ou tipo. Vale ter cuidado com os pequeninos na janela, se for brincar olhando para fora de casa. Dá para fazer uma versão no ambiente interno mesmo, basta observar em volta.
Em casa com as crianças, as atividades para pintar e colorir podem ser variadas. Se você não quiser fazer tanta sujeira, pode ser com lápis de cor ou giz de cera.
Se você quiser estimular a bagunça geral, o que pode ser bastate divertido para os pequenos e os adultos, escolha tinta. Lembre-se de optar por versões atóxicas para crianças menores.
Alfabeto comestível
Esta atividade trata-se de uma sequência ‘acumulativa’ e testa a memória. A primeira pessoa diz: “Eu estava com tanta fome que comi…” e aí completa com uma palavra com a letra A. O participante seguinte tem de repetir tudo e acrescentar uma coisa com a letra B. O terceiro tem de lembrar de repetir o que o segundo disse e botar mais uma palavra com a letra C.
As crianças se divertem com o fato de poderem falar que comeriam qualquer coisa, além de comida mesmo.
Essa brincadeira é muito conhecida daqueles que foram adolescentes nos anos 1980. Com uma folha de caderno, desenhe uma tabela, com várias colunas. No alto de cada uma delas, escreva um tema – cidade, nome próprio, fruta, cor e o que mais quiser.
A letra da rodada pode ser escolhida de várias maneiras, jogando um dado ou contando números de dedos dos participantes, em um estilo ‘joquei pô’. Depois de decidida a letra, é dada a largada para os participantes começarem a preencher as colunas. Quem acabar de preencher todas as tabelas para a letra grita “stop”.
O jogo para e todos mostram as anotações. Palavras diferentes contam 10 pontos; iguais, 5; em branco, 0.
O dominó é um jogo portátil muito associado à pessoas que passaram dos 60 anos de idade. Porém, a criançada adora perceber que é capaz de combinar o número de bolinhas e cores do jogo. Experimente!